You can’t always get what want

Leiam a postagem abaixo ouvindo a música.

Vivemos uma vida cheia de misérias e penações. Mas todos somos capazes de sempre acreditar que existe algo de especial em nossas próprias vidas. Pode ser alguém que nos faça sentir assim, pode ser o desespero de pensar o contrário, afinal de contas, se não fosse assim, seria de uma outra maneira qualquer. Certo?

É muito difícil imaginar o tempo que gastamos para conseguir as coisas, quanto tempo precisamos para encontrar ou merecer um amor de verdade. Para não só receber, mas também dar amor.

A verdade é que você nem sempre poder aquilo que deseja, mas se tentar algumas vezes, você pode encontrar. E o que nos resta é aceitar que a nossa vida é assim, tentar ver alguma poesia em toda essa fumaça, tentar aceitar que muitas vezes o mundo exige muito mais do que queríamos, mas nunca mais do que você pode dar. Você só precisa encontrar o jeito certo de fazer.

Não sei nada sobre vocês aí do outro lado da tela do computador. O que pensam, as mentiras que contam, ou os amores que pregam. Não sei como gostam do sexo, não sei pelo que vocês choram. Mas seja lá qual for a resposta para todas essas perguntas. Continuem vivendo. Um dia tudo fará algum sentido. Um dia tudo trará algum sentimento. Um dia tudo trará alguma resposta. Novas perguntas virão, afinal, esta é a vida.

Um abraço.

Quando uma mulher sente tesão


Fabricio Gimenes

Quase nenhum homem está preparado para uma mulher quando sente tesão. Não falo daquele tesão anunciado que os dois sentem quando a noite promete. Falo do tesão imprevisto que invade a calcinha e deixa a pele toda em alerta.

Quando uma mulher sente tesão de repente, não tem outro remédio, amigo: é você que ela quer. Você com seu delicioso (sic) pau todinho pra ela. Língua, mãos e afins – tudo a disposição dela. Toda a sacanagem que houver nessa vida.

Não tem reunião que seja importante, não tem jogo de futebol que compita, não tem dor de cabeça que dê jeito. Aquilo tudo que normalmente você sente 7 dias por semana encarnou sem avisar. Não tem hora nem lugar. Só tem tesão.

O homem – que é o animal mais dosmesticado que eu conheço – não espera isso. É ele quem toma a iniciativa, afinal. Mulher com tesão faz parte da sua fantasia, do vício solitário, não é coisa que acontece toda hora. Mas uma hora acontece.

E quando acontece, a mensagem é clara e o objetivo também. Ela merece o seu melhor. Ela merece aquele beijo suave nas partes mais sensíveis, merece aquela apertada no quadril, merece que você afaste a calcinha com todo o cuidado do mundo. Um expert, você, hein!

No mundo do sexo, da sacanagem e do amor, vale de tudo um pouco porque não há nessa vida prazer maior do que saciar um desejo, uma necessidade. Do que fazer parte de uma causa tão nobre. Não existe em termos carnais prazer maior do que ser convidado a entrar.

Quando uma mulher sente tesão, quase nenhum homem está preparado. Apenas o homem certo. Você.

// Para Rafaella Biasi, minha mulher, inspiração desta crônica.

Um lugar comum

Fabricio Gimenes

Vivemos num mundo antibiótico. A vida nas poluídas cidades cheira à sexo, traição e fumaça. Remamos contra a maré. É só o que nos resta.

Vivemos num mundo onde falta amor. Um mundo que está pronto para nos tirar tudo  no mais rápido piscar de olhos.

Na ânsia de sentirmos que a vida ainda pulsa de alguma maneira, no espasmático desespero de chegar até o final do dia, seguimos trepando e poluindo nossos corpos com o suor dos perdidos, com a fumaça do cigarro e a mágoa de outros tempos. Seguimos alongando a estrada que dá no abismo em vez de pularmos de uma vez. Opressivamente, inevitalmente, depressivo. Encontrar um amor é o paraíso na terra não autorizado.

Este é um mundo onde os que amam tem que lutar, dia após dia, com a tristeza alheia. Não se contaminar com tanta frustração é o maior dos feitos de quem vive feliz. Conviver com a agressividade dos eternos insatisfeitos é uma luta desleal – pois a frustração está para o nosso tempo, como o progresso estava para quase todos décadas atrás – é inevitável, está em franca expansão.

Em meio a tanta informação, a tanta expressão, perdido com tantas opções já não encontramos o caminho para casa. Não sabemos como desvirar nossas vidas do avesso. Hoje, o amor é uma questão de fé.

Não que eu me importe tanto com os problemas alheios, mas porque, lá no fundo, por mais que estejamos blindados contra as cegas investidas, sim – todos sofremos um pouco. Já não sei como ajudar certas pessoas. A vida é seretonina com muito gelo e limão. Já a tristeza é uma bebida sem gelo, engolida às pressas, às vésperas da sede.

São Botequim entrevista: Xico Sá!

Ele já virou muitas noites nos bares da vida. Já se apaixonou em puteiro e caiu na gandaia com PC Farias. Cronista de costumes, como ele mesmo diz, acabou de publicar “Chabadabadá”, coletânea de crônicas sobre o declínio do império masculino e devaneios sobre o mundo feminino de uma maneira cômica e crítica. Xico Sá visita o São Botequim nesta descontraída entrevista.  Pode abrir aquela cervejinha, acender o cigarrinho e aproveitar, a casa é sua.
Xico, conta pra gente de onde vem os assuntos do Chabadabadá. O livro é uma resistência a toda essa pseudo-cult-modernidade que vivemos hoje?

Nem era, mas acabou virando e gosto que seja. No princípio, como diz a Bíblia, era apenas a continuidade do “Modos de Macho & modinhas de fêmea”, meu primeiro livro sobre esse assunto da tragicomédia entre homens e mulheres. Mas o mundo foi ficando tão frouxo e falsamente moderno, que até eu tenho o “Chabadabadá” como panfleto lírico dessa luta.

Na sua visão, por que o homem se desqualificou tanto no papel de homem nos ultimos tempos? O homem é a nova mulher?

Rapaz, foi um afrouxamento tão grande. A mulher avançou e o homem se escondeu na loca, na toca, no buraco, esqueceu da sua função no mundo. Nem o pão debaixo do braço no começo da noite traz mais para casa. O homem é o novo tatu, sumiu no buraco.

Ultimamente a gente tem visto uma serie de “reinvenções” na sociedade. Toda a sacanagem que ficava escondida agora ta meio institucionalizada. Tv, reality disso, debate daquilo… para onde vamos a partir disso?

A gente vê na tv mas ainda com um filtro moderninho que encobre a grande sacanagem de fato. É como se tapassem o sol do Deus Nelson Rodrigues, que era infinitamente mais moderno e mais sacana.Agora é tudo negócio e medo de se expor de verdade. O que é exposto é só a putaria possível e ja negociada, inclusive com os patrocinadores. Não há risco.

Vc menciona em uma de suas cronicas que experimentou a metrossexualidade, mas não gostou. Onde foi que não deu liga? Ou deu…?

Experimentei para uma reportagem, mas juro que ja cheguei com espirito muito preconceituoso de macho-jurubeba. Tiro essa onda toda pra refletir sobre as mudanças do homem. É o papel de um cronista de costumes. Tudo pelo jornalismo-verdade.

Vc ja escreveu sobre a sua teoria da manga. Qual a importância dela pros rapazotes e raparigas de hoje ?

Se o cara não chupou muita manga na infancia e na adolescencia… terá menos devoção na arte do sexo oral com as moças, evidentemente. Assim também vale para as meninas que não comeram e sorveram espigas de milho. São lições básicas, como digo no meu “catecismo de devoções, intimidades & pornografias”.

Já ouvi histórias de um amigo, na verdade amigo de um amigo meu (risos), que broxou algumas vezes no terreno em pleno combate. Nada comparado ao macho tupperware que vc já descreveu, broxada mesmo, clássica. Já rolou broxada histórica contigo? Qual a saída neste caso?

Claro que rolou. Ah, ri e enchemos a cara. eu ja era um tiozim, velho, já podia rir abertamente do meu fracasso. Sim, depois fodemos na piscina a céu aberto de um motel da Marginal Pinheiros, mas muito tempo depois,é bom que se diga.

O Mário Prata escreveu uma vez sobre a arte de tocar uma punheta. Woody allen também é adepto. Punheta é uma arte perdida? É o consolo dos feios?

A justiça pelas próprias mãos não é arte, mas é a maior das vinganças. Se virasse arte eu seria o Andy Wahrol dessa porra desperdiçada e pop que não faz filhos.

Defina casamento em uma palavra.

Vestido!

Mulher de TPM, qual a solução?

Tapa com amor.

Mulher perfeita, existe?

A do nosso amor à primeira vista.

Mulher bonita é aquela mulher que…

A que finge que não se vê no espelho e nos fode pro resto da vida.

Mulher gosta de dinheiro ou de carinho?

Nem de um nem do outro. De ser a única.

A mulher ta superestimada hoje?

Tá se achando, mas merece. Se tem coisa melhor, não existe.

Ainda existe mulher comfort? Onde estão?

Existe, agora mesmo acabou de sair uma da minha casa. Encantado!

Para xico sa política é…

pronunciamento, dizer nossas coisas, seja sobre mulher seja sobre uma votação no Supremo.

Vc ja escreveu sobre o ridiculo do twitter, mas se rendeu a ele. O que vc acha da sua audiencia online?

Sempre me espanto e depois me rendo. Assim tem sido desde que troquei a velha Remington da redação por um computador movido a brasa. O importante é estar dentro, acredito que eu ainda esteja dentro.É quentinho o novo mundo,assim como uma boa buceta.

Chabadabadá - Crônicas de Xico Sá

Quando vem o proximo livro? Sobre o que sera, exatamente?

Vem ai Big Jato, um romance que prova o seguinte: só a merda humaniza o homem.

Um mensagem para nossos alcoolizados leitores…

Só a lama cura!

Valeu!

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Doutor, me receita um prozac?


E é assim que acontece:  exatamente como foi sacramentado a acontecer. Humanos que somos, daqueles bem errantes e mal acostumados com as mordomias da vida moderna, a gente criou uma estranha mania de sempre dizer que isso ou aquilo não era pra ser assim. Porque eu pensei assim, você pensou assado e por aí vai. A ladainha se estende noite adentro até o último gole. Com todo esse verniz é fácil perceber como as possibilidades de felicidade são mesmo egoístas quando o sujeito em questão é o tal homo sapiens, e como, claro, as possibilidades de infelicidades nunca são em primeira pessoa.  Quem paga a conta desse desarranjo todo quase sempre é o terceiro, aquele mesmo, de boa fé.

O fato é que as pessoas andam ligando demais para todas essa coisa do que deve ou não acontecer. Querendo prever demais o futuro nas bolas do presente.  Ora, já num passado bem distante o caquético Nostradamus fazia profecias sobre o futuro. Mas a verdadeira verdade por trás de todo o alvoroço mitológico é que nem os primeiros descompensados que viram e ouviram tudo o que ele escreveu não puderam conferir se o velhote estava certo. Nem ele mesmo pôde saber. Se pensarmos que a vida é um verbo em eterno gerúndio, de que adianta toda essa projeção? É melhor parar com essa síndrome de Nostradamus, deixar essa coisa toda de projetar com Freud e sua turma. Vamos lá, Beth, vamos jogar um pouco de água nesse seu castelo de areia e criar algo novo com o que sobrar.
Não, mesmo que pareça, esta não é uma crônica de auto-ajuda. Eu não escreveria isso para te ajudar. Se fosse para te ajudar, faria uma oração, uma prece, uma reza. Até acenderia uma vela. Mesmo que fosse de sétimo dia. Mas acontece que, ultimamente, percebo muita gente perto de mim com essas paranóias que a contemporaneidade (eita, palavrinha intelectual) tem proporcionado. Ficam todos lá, vidrados no F5 do teclado à espera do próximo tweet. Apostando sobre o próximo paredão (sim, o Big Brother sempre volta). E isso muito tem me incomodado.
É como disse o poeta Vinícius de Moraes “Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu”. Todo santo dia pessoas ao redor do mundo  jogam no Google seu futuro. Praticam relgiosas consultas a horóscopos em busca de uma reposta, um norte, um sul, whatever works... Aceitam conselhos, vão a pálidos consultórios psiquiátricos em busca de respostas para perguntas que já se perderam. E tudo isso acontece por uma única e ingrata palavra: insegurança. Vá lá, é muito difícil conviver com a própria consciência quando a gente não tem em quem colocar a culpa. A insegurança é mesmo um caco de vidro sob a pele. E eu tenho uma coisa para te falar: sangre um pouco.

É preciso entender que todas essas coisas que geralmente as pessoas tem medo de sentir, são, na verdade, tudo o que nos deixa vivo. Sentir raiva de algum desafeto, ter saudades daquele canalha ou daquela desalmada que te partiu o coração, dar uns tapinhas entre quatro paredes… ôh, minha gente, por que tanto pudor? Pense bem, os caras que você realmente admira estavam pouco se fodendo para isso… por que não usar o verbo (foder) ao seu favor? É só uma sugestão de quem realmente está com o saco bem cheio de ouvir lamúrias de quem simplesmente adora tecer problemas para se ocupar, se sentir importante, ter atenção ou algo do tipo. Sério, isso é bem irritante e eu não sou a Fernanda Young.

Se for parar para pensar, é muito legal essa coisa de escrever em primeira pessoa. A gente escreve o que quer e você aí não tem nem como retrucar. Por esta razão, aproveite as suas pequenas alegrias. Comece a disrcursar sobre você e não sobre os outros.  Curta aquela ereção matinal, o dia sem cigarro e aquele prazo que você conseguiu cumprir. Essas vitórias que são só da gente mesmo.  Os desafetos da vida costumam aparecer bem grandiosos e imponentes, mas é tudo uma grande bobagem. Eles na verdade são a sua imaginação fantasiando sombras contra a luz. Fora isso, não tem muito mais que eu possa dizer sobre. Para todas as outras coisas é só você tomar isso aqui, um comprimido por dia e vai ficar tudo bem. Eu garanto.

 

 

 

E Deus Criou a Mulher

Caríssimo amigos e amigas que visitam este boteco.  Visto o  ” corre corre” com que a rotina semanal tem me presenteado, pouco tempo para atualizar o cardápio. No entanto, a sugestão do dia, e porque não dizer da semana, é um certo blog que encontrei por aí.  O nome do empreendimento é o título desta postagem: “E Deus criou a Mulher” . E poderia haver título mais oportuno? Serve para homens de bom gosto e mulheres também.

E DEUS CRIOU A MULHER  

Acho que não precisa dizer muito. Como está profetizado na própria entrada do blog, ” até que a vista nos doa, horas de contemplação”. Fiquem com os anjos.

Ps: Na Foto Liv Tyler.

Uma coletânea que vale a indicação: Lucky Seven (Ronnie Lane)

Não sou muito fã de coletâneas. Mas para quem quer começar a conhecer o trabalho de algum artista, até acho que vale a pena. Afinal, uma coletânea supostamente traz uma visão geral da vida e obra de alguém.

Pensando nisso, me flagrei ouvindo [novamente] o álbum Lucky Seven (2002), que é uma compilação das músicas de Ronnie Lane.  Ronnie foi mais um dos talentos atuantes nas décadas de 60 e 70. No entanto, teve uma projeção significativamente menor como outros de sua época.

Falecido em 1997, Ronnie Lane sofria de esclerose múltipla. Sua última apresentação foi 1992

No extenso universo de produção cultural e artístico norte-americano da época, Ronnie Lane atuou como baixista do grupo The Small Faces. Após a reestruturação do grupo em 1969, a banda passou a ser conhecida apenas como The Faces. Na década de 70 Ronnie formou sua própria banda (Slim Chance) e dedicou-se à carreira solo gravando ótimos álbuns como Anymore for Anymore.

Lucky Seven é boa música para se ouvir com calma. Acender um cigarro e refletir sobre a vida. Com letras envolventes, o disco traz aquele clima saudosista, orgânico e simples.  Sempre costumo montar uma playlist com Ronnie Lance, Bob Dylan e meu mais novo vício, Neil Young. As referências no Folk e Country de Lucky Seven realmente valem a audição.

Abaixo uma apresentação ao vivo de Ooh La lah! Uma de minhas canções preferidas e que traz uma belíssima letra (saudosista, claro) abrindo o repertóriodo disco. A letra você pode conferir aqui.

Quem quiser fazer o download dos álbuns, pode checar aqui.

I wish that I knew what I know now / When I was younger…

abs,

Tipos de Mulheres (ou Mulheres que Fazem Tipos?)

Crônica para a política, comentaristas para o futebol, especialistas para a economia. Por aqui, sigo – até segunda ordem (da patroa) -, sozinho na dura labuta de observar e admirar o universo à parte das mulheres. Sei que parece carta marcada falar sobre as mulheres, mas é que, para mim, o assunto nunca se esgota. A diversidade é grande demais para ser deixada de lado.

E eis que dia desses descobri novos tipos de mulheres. Descobri, exatamente, as mulheres que fazem tipos. Estas andam por aí, disfarçadas de amélias, de autoritárias, de santinhas religiosas e até mesmo, acreditem, de mulheres devassas. Um verdadeiro despautério brincar com coisa tão séria. Mas o que acontece é que eu já conhecia as mulheres que fazem tipos na noite ou na cama – o que não é de todo ruim. Mas as que conseguem a proeza de fingir aquilo que não são vinte e quatro horas por dia me causaram adminiração, e espanto, principalmente (não necessariamente nessa ordem). Cada uma dessas belezinhas carrega consigo aquela costura fora do lugar que toda camiseta falsificada tem. Sem saber, elas entregam o ouro – que no caso dessas moçoilas não passa de bijouteria – nos primeiros cinco minutos de conversa se você prestar mais atenção na conversa e menos no decote. Basta observar.

Nessa reflexão eu sempre achei que a minha mãe é que era mulher de verdade. E que ao lado da minha mãe a Monica Bellucci também era. E eu não estava errado. Tanto a minha mãe como a Monica não precisam forjar nada. Não precisam sair por aí, escrevendo nos twitters da vida o quanto acreditam em Deus ou no Diabo. O quanto gostam de uma sacanagem ou o quanto abominam a mesma. Minha mãe e a Mônica não são especialistas em feminismo do século XXI, não possuem blogues descolados nem se fingem de castas para agradar.

Neste oceano de ilusões de xoxotas pulsantes no qual vivemos, mulheres que brincam de fazer tipos estão para o universo masculino da mesma maneira que homem de peruca está para o universo feminino. Não cola. Não dá liga. Aliás, não dá é nada. Ninguém quer comer porque é sempre uma decepção. Mais aí vai uma constatação e alfinetada: O macho, dito moderno, que perdeu a força intelectual e ganhou bastante tríceps nos últimos tempos, ficou à mercê. Pode ser ele mesmo o culpado de tudo isso. O negócio é que toda essa figuração feminina, geralmente, não é para o universo masculino, mas sim para elas mesmas, entre sí (o que não as isenta de nada desse ridículo).

Você deve conhecer alguma dessas mulheres por aí. No seu trabalho ou nas faculdades da vida. Aquelas que fingem a sacanagem, que bancam as liberais nas mesas de botecos ou aquelas que fingem o puritanismo. Aquelas que juram não precisar de homem algum, ou aquelas que sempre passam despercebidas, sobrevivendo por trás da máscara e de longas saias.

Bom mesmo é a mulher autêntica. Honesta, como diria minha patroa. Aquelas que não fingem um peito maior do que tem, que não escondem seus verdadeiros medos e opiniões só para entrar na conversa. Aquelas que tem vontade de dar no primeiro encontro, e dão. Aquelas que não se casam por realmente não ter encontrado alguém. Nunca vi nenhuma mulher dessas, interessante de verdade, reclamar da vida ou de solidão.

Portanto, se você é uma dessas mulheres que faz algum tipo para viver, dessas que gostam de ser a expert sexual entre azamiga, mas não teve mais que meia dúzia de experiências; ou se paga de beata pelos escritórios da vida, mas vive apagando o fogo entre as pernas com a saia, eu te peço, mon’amour, vamos misturar vodka nessa sua água benta. Pelos corredores estão todos comentando, já estão todos sabendo do seu disfarce. Você é a piadinha da semana… ou você nunca reparou as pessoas comentando baixinho antes de você chegar? O problema é que como toda falsificação, as pessoas não gostam de denunciar.

A RESSACA ACABOU!

Depois de um longo hiato, o São Botequim está de volta. Desta vez, espero, para ficar por um bom tempo. Vou procurar registrar por aqui as boas botecagens, falar um pouco sobre cultura e palpitar na política.

Legal é saber que o blog volta num momento totalmente diferente, sob uma nova perspectiva e com uma linha editorial definida. Vamos ver no que vai dar. Não podemos esperar muito, mas podemos esperar algo.

Convido todos a sentar para uma cerveja e discutir idéias, sejam elas quais forem.

Abraços,

Fabricio Gimenes.

Formato mínimo, mesmo

Todo mundo é moderno. Todo mundo adora forno microondas, chuveiro quente e acessar o Google. Todo mundo gosta de filmes em 3D, novos artistas da MPB e liberdade de escolha. Adoramos a nova maneira de sentir, a nova maneira de vestir, a nova maneira de viver. Mas, para quê? Todo mundo adora, na verdade, é achar que pode.

A gente acha que pode ser feliz. Hoje cada um sabe cuidar do próprio nariz. A gente sabe muito bem de sair por aí, com cara de quem tem o controle. O cliente tem sempre razão, o internauta dita o conteúdo, eu te mando para o paredão. Eu posso ser livre (assim), pensamos. Cultivamos essa doce ilusão.

O teatro, a música, o cinema, a verdade é que, de uma maneira geral, tudo caiu muito na banalização. Infelizmente, para pessoas como eu – que adoram algo que realmente seja extraordinariamente bom, colossalmente grande, incontestavelmente verdadeiro -, o mundo de hoje não serve. Não serve ser fã de uma banda que só você e mais dois amigos gostam. Não cabe ter que esmiuçar a internet atrás de alguém que diga o que você pensa, não servem as pequenas coerências, os pequenos discursos.

Essa megalomania crônica não cabe nos pequenos (minúsculos) apartamentos, muito menos nos pequenos sentimentos. Saudadezinha, amorzinho, solidãozinha. Onde foi parar aquela saudade de “Pedaço de mim”, os amores de Shekepeare? Onde está o mal do século, afinal? Não existe mais. Acabou. Sumiu. Parou de ser produzido.

O que temos hoje são belas capas de revistas, “felicidade” para dar e vender, pague dois, leve três. Crédito ou débito, senhor? A “felicidade” hoje acontece por repetição, não é mais um sentimento, mas se tornou um hábito. Um hábito banal, cultivado a cada nova liquidação. Tv de plasma, poltrona reclinável e porteiro 24h. Onde estão seus filhos agora? Para mim o que há de mais moderno, essa tal felicidade, ainda é um sonho muito antigo. Mas foi mais fácil mudar seu conceito, do que correr atrás dela.

Ninguém liga mais para um “eu te amo”. Porque ligar, isso é dito a todo momento na tevê? Virou “bom dia”. Ninguém mais liga para o ato de sentir de verdade. Falta sensibilidade em toda essa sinceridade que é escancarada todos os dias. Falta sensibilidade naquilo que é dito “do fundo do coração”. A bem da verdade, tudo ficou muito fácil. Construção e descontrucão – dez passos para ser feliz.

Tudo isso soa, para mim, como uma grande ânsia incontida. Como um sinal espasmático, como a agonia de alguém que está prestes a morrer. Tudo isso sinaliza nossa grande carência. Num mundo de pequenos estímulos, pouco tempo e pequenos e banais prazeres, circulam por ai pessoas cada vez menores.

Nesse mundo de coisas pequenas, de gente pequena, algum saudosismo cabe em qualquer lugar, até mesmo numa crônica como esta. Bem pequena.